Erguendo a bandeira pela liberdade de Abdullah Öcallan com os povos Guarani e Kaiowá
- Lêgerîn

- 7 de fev. de 2024
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Em 30 de outubro, membros do Comitê Lêgerin Abya Yala se encontraram para um projeto colaborativo em território ancestral dos Guarani Kaiowá, recuperado das mãos de latifundiários da região de Dourados, Mato Grosso do Sul (Brasil). O objetivo desse projeto era comemorar os cinco anos de resistência neste tekoha ; como os Guarani kaiowá se referem a seus territórios ancestrais, que signica ‘lugar onde podemos realizar nosso jeito de viver’ . Essa resistência tomou a forma de plantio de árvores, da recuperação da terra danificada por monoculturas, o semeio de plantas medicinais, a instalação de fossos para fortalecer a autonomia hídrica, e a organização de solidariedade entre cidade, campo e territórios indígenas no contexto de profunda violência exercida quase sempre por latifundiários e pelo estado brasileiro contra essas pessoas. Esse território tem sido sujeito a ataques constantes por donos de terras e militares desde 2018, e muitos membros dessa comunidade foram seriamente feridos. Somente esse ano, em 2023, mais de dez ataques foram registrados, incluindo emboscadas noturnas com armas de fogo, a destruição de casas, e ataques químicos com pesticidas. Os Guarani Kaiowá são o segundo maior grupo indígena do Brasil, com cerca de sessenta mil pesssoas, e seu território é dividido entre quatro estados nacionais : Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. No fim dos anos 70 eles começaram a se organizar em assembleias populares como Kuñangue AtyGuasu, assembleia de mulheres, e a Retomada AtyJovem, da juventude ; e para avançar a recuperação, "retomada", de seus territórios ancestrais. Isso, organizado após o intenso genocídio e epistemicídio que sofreram desde o século 19, no contexto da Guerra da Tríplice Aliança e a formação das « reservas indígenas » nas primeiras décadas do século 20. Nesse contexto, o objetivo era removê-los a força de suas terras para dar lugar ao avanço da colonização na região centro-oeste do país. Essa região é um dos centros do neo-extrativismo e monoculturas no Brasil e justamente por isso, onde as estatísticas violência e assassinatos contra os povos são mais alarmantes, juntamente com o contexto de extrema vulnerabilidade, fome, e a superexploração de trabalho indígena.
Somente na área ao redor da reserva indígena da cidade de Dourados, há aproximadamente dez retomadas territoriais. Foi nesse contexto que o Comitê Lêgerîn participou da organização do trabalho coletivo com outros movimentos, coletivos e trabalhadores em solidariedade. Na defesa da Mãe Terra e em defesa da recuperação territorial Guarani Kaiowá, a importância do internacionalismo e da solidariedade entre os povos também foi debatida. Assim, foi aberto o diálogo sobre Abdullah Öcalan e seu papel na luta por libertação do povo curdo e as pessoas do mundo. Nessa ocasião, nós coletivamete tremulamos a bandeira da liberdade de Abdullah Öcalan, um presente e uma memória da longa marcha pela liberdade de Reber Apo, na qual alguns membros da Lêgerîn Abya Yala participaram. Essa ação é parte da campanha internacional "Liberdade para Öcalan. Solução política para a questão curda" e, por esse motivo, também acontece como exigência por notícias imediatas sobre sua saúde e bem-estar, para que ele possa falar com sua família, seus advogados, e sair do absoluto isolamento que já enfrenta a 24 anos.
Nós entendemos os curdos como pessoas indígenas, e portanto também enchergamos todas as lutas são na verdade uma só luta. Os camaradas Guarani Kaiowá, desde seus prisioneiros políticos e seus márties históricos e contemporâneos, unem-se a luta para libertar a terra dos efeitos catastrófcos da modernidade capitalista que começou a mais de 523 anos atrás. Foi declarado que das retomadas territoriais dos Guarani Kaiowá e seus aliados revolucionários, nós também lutaremos pela liberdade de Reber Apo, pois libertá-lo é parte da libertação da humanidade.
Pela memória de Alex Lopes, Vitor Fernandes, Marcio Moreira, Vitorino Sanches e a líder espiritual Estela Vera, assassinados em 2022 em massacres [Massacre de Guapo’y] e emboscadas. Em memória de Sebastiana Gauto e Rufino Velasquez, líder espiritual queimado vivo nos ataques de Setembro de 2023, por defender seu território, e aos mártires da luta revolucionária do movimento de libertação curdo, nós continuaremos a tecer e semear resistência.






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